top of page
Buscar

Mentiras que protegem, que proporcionam ganhos e que produzem danos

Atualizado: 2 de mai.


(Ilustração - COPILOT)
(Ilustração - COPILOT)


A mentira como comportamento funcional: uma perspectiva analítico-comportamental e social


Mentir é comunicar algo que o comunicador sabe que não é verdade. Essa comunicação pode ser verbal ou não verbal — um gesto, um olhar ou até o silêncio podem carregar conteúdos falsos. A mentira, portanto, é um comportamento social que, como qualquer outro, segue princípios funcionais: ela ocorre para evitar prejuízos ou maximizar ganhos. O que diferencia a mentira desses outros comportamentos é que ela é pode ser considerada falta grave e os outros tipos de comportamento, não. Por exemplo, evitar passar perto de um cachorro bravo é considerado um comportamento sábio.

Na análise do comportamento, mentir pode ser compreendido como uma resposta moldada por consequências. Assim como retiramos a mão de uma chapa quente para cessar algo aversivo, ou tomamos vacinas para evitar doenças futuras, também podemos mentir para escapar de situações indesejáveis ou obter reforços desejáveis. Em termos funcionais, a mentira é sustentada pelos mesmos mecanismos que mantêm outras formas de comportamento.

A seguir, destacam-se alguns dos principais motivos que reforçam o comportamento de mentir:

  • Esquiva ou fuga de consequências aversivas: mentiras ditas para evitar punições ou situações desconfortáveis.


    Exemplo: inventar uma justificativa para um atraso no trabalho.

  • Reforçamento positivo extrínseco: mentiras utilizadas para obter vantagens externas, como status, recompensas ou aceitação.


    Exemplo: afirmar que é solteiro para aumentar a chance de envolvimento com uma parceira desejada.

  • Reforçamento intrínseco: prazer associado ao ato de mentir em si. Há pessoas que sentem satisfação ao criar versões alternativas da realidade ou ao se perceberem mais espertas do que seus interlocutores.

  • Compulsão para mentir (mitomania): quando o impulso para mentir é tão forte que a verdade é evitada mesmo quando seria mais vantajosa. Trata-se de um padrão rígido, frequentemente observado em contextos clínicos, que exige investigação psicológica.

Embora faltem estatísticas precisas sobre a prevalência de cada tipo, a experiência prática e observações clínicas indicam que os dois primeiros motivos — esquiva e ganho externo — são os mais comuns na vida cotidiana.

Classificações sociais da mentira

As mentiras podem ser classificadas de várias formas. Uma delas considera o mérito ou demérito moral do ato — isto é, o grau de aceitabilidade ou gravidade da mentira. Segundo esse critério, é possível distinguir:

  • Mentiras brancas: pequenas omissões ou distorções que visam manter a harmonia social.


    Exemplo: deixar de expressar o desgosto ao ver alguém ou desejar “bom dia” a uma pessoa por quem não se tem afeição.

  • Mentiras piedosas: ditas com a intenção de proteger o outro, evitar sofrimento ou suavizar uma situação difícil.


    Exemplo: omitir um diagnóstico grave para não causar desespero imediato.

  • Mentiras graves: associadas a danos mais sérios, violações éticas ou legais.


    Exemplo: trapaças em negócios, traições amorosas, falso testemunho em tribunal ou fraudes fiscais, como falsear a declaração do imposto de renda.

Essa classificação revela que nem toda mentira tem o mesmo peso. Algumas são socialmente toleradas — ou até esperadas — enquanto outras comprometem a confiança, os vínculos afetivos ou o funcionamento das instituições.

Mentiras aceitáveis e mentiras intoleradas

No campo das relações sociais, as mentiras não são avaliadas apenas por sua veracidade, mas também por seus efeitos nas interações humanas. O sociólogo Erving Goffman argumenta que a vida em sociedade se assemelha ao teatro: estamos constantemente representando papéis, cuidando da impressão que causamos nos outros. Nesse contexto, a verdade pode ser estrategicamente administrada para manter o equilíbrio relacional.

Por isso, vale distinguir dois polos opostos:

  • Sincericídio: quando, sob o pretexto da honestidade, dizem-se “verdades” que ferem e desrespeitam o outro, rompendo os códigos de convivência.

  • Polidez: habilidade social de suavizar ou omitir aspectos desconfortáveis da verdade, em nome do bem-estar mútuo. É, muitas vezes, uma mentira socialmente aceitável e benéfica.

Considerações finais

Mentir é um comportamento complexo, que não pode ser compreendido apenas sob a ótica moralista do "certo ou errado". Ele obedece a contingências ambientais, reforços emocionais e regras culturais. Ao analisarmos os motivos e os contextos em que mentimos — e como a sociedade classifica esses atos — ampliamos nossa compreensão sobre o comportamento humano e nos tornamos mais conscientes das verdades e mentiras que permeiam nossas relações.


(Texto editado pelas IAs COPILOT e ChatGPT)

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


© 2024 por Dr. Ailton Amelio

bottom of page